19 de maio de 2024

Análise de Riscos Qualitativa ou Quantitativa: qual devo utilizar?

Durante o Processo de Gestão de Riscos, particularmente na etapa de Análise de Riscos, uma das principais discussões diz respeito ao tipo de técnica (qualitativa ou quantitativa) a ser utilizada para determinar o nível de risco, levando em conta os objetivos e o contexto da organização.

Recentemente, esse debate tem evoluído, com diversos especialistas e gestores adeptos ao uso de técnicas qualitativas, enquanto outros mantêm-se favoráveis a modelos quantitativos. 

A preferência por determinado tipo de técnica está diretamente relacionada à qualidade das informações sobre riscos. Em outra postagem do blog, discutimos a importância da qualidade dos dados para a tomada de decisões baseadas em riscos e fornecemos alguns exemplos das consequências do mau uso desses dados para as organizações.

A norma NBR IEC 31010:2021 descreve diversas técnicas qualitativas, semiquantitativas e quantitativas que podem ser usadas para melhor analisar os riscos. Algumas delas, como a Análise BowTie (BTA), a Matriz de Riscos e a LOPA, também abordadas em outras publicações deste blog, mostram as principais aplicações, pontos fortes e limitações de cada abordagem.

A norma fornece algumas considerações para se selecionar a técnica mais adequada:

"Ao decidir se é mais apropriada uma técnica qualitativa ou quantitativa, os principais critérios a serem considerados são a forma de saída mais útil para as partes interessadas e a disponibilidade e confiabilidade dos dados. Para fornecer resultados significativos, técnicas quantitativas geralmente requerem dados de alta qualidade. Contudo, em alguns casos em que os dados não são suficientes, o rigor necessário para aplicar uma técnica quantitativa pode fornecer uma melhor compreensão do risco, embora o resultado do cálculo possa ser incerto.

Geralmente há uma escolha de técnicas pertinentes para uma dada circunstância. Várias técnicas podem necessitar ser consideradas, e a aplicação de mais de uma técnica pode algumas vezes fornecer uma compreensão adicional útil. Técnicas diferentes também podem ser apropriadas na medida em que mais informação se torne disponível."

Assim, considerando os pontos favoráveis e limitadores de cada técnica e os pontos de vista de especialistas, gestores e tomadores de decisão, como então definir o melhor tipo de técnica para analisar os riscos?


A 'eterna' discussão: Análise Qualitativa x Quantitativa


Durante décadas, as organizações têm buscado a melhor forma de aprimorar a gestão de riscos por meio de análises de riscos que possam gerar decisões informadas e pertinentes aos tomadores de decisão.

Na análise de riscos, o registro quantitativo de riscos envolve uma descrição numérica dos riscos, muitas vezes apresentada como resultados estatísticos. Por outro lado, a análise qualitativa envolve uma descrição dos riscos, normalmente na forma de texto ou em escalas ordinais. Uma abordagem semiquantitativa ou híbrida, como o nome sugere, combina métodos quantitativos e qualitativos.


Muitos gestores tendem a considerar erroneamente a análise qualitativa como subjetiva ou inferior, em oposição à análise quantitativa, vista como objetiva ou superior. No entanto, por diversos fatores, essa perspectiva parece estar evoluindo para uma visão mais equilibrada, em que pesem os impactos de cada abordagem na tomada de decisões relacionadas a riscos.

Apesar de seus benefícios, a análise numérica de riscos pode se basear em poucas evidências ou em opiniões subjetivas e tendenciosas. Mesmo com métodos puramente quantitativos, a subjetividade costuma estar presente, uma vez que os gestores de riscos normalmente escolhem abordagens quantitativas com base em critérios subjetivos.

A comunicação das análises quantitativas de riscos pode enfatizar a competência dos gestores de riscos, porém, dependendo dos dados e métricas empregadas, tais análises podem ser percebidas pelos tomadores de decisão como menos confiáveis do que as análises qualitativas.

De forma similar, a comunicação quantitativa dos riscos pode levar a menos ações organizacionais se os reportes não forem complementados com análises qualitativas destes riscos. No caso de relatórios de riscos estratégicos, a análise de riscos qualitativa ou semiquantitativa aumenta a pertinência e a confiabilidade percebidas das informações sobre riscos.

Além disso, quanto menos dados estiverem disponíveis para a quantificação dos riscos, maior tende a ser o ceticismo dos gestores em relação à comunicação quantitativa dos riscos. Nesses casos, os gestores tendem a preferir a análise qualitativa de especialistas à análise quantitativa baseada em algoritmos (mesmo nos casos em que isso não se justifique).

Figura 1 - Clique na imagem para ampliá-la

Diferentes culturas valorizam a relevância do julgamento humano de forma diferente. Em organizações com uma gestão de riscos estratégica madura e orientada para o futuro, o julgamento humano na análise de riscos pode ser mais valorizado do que em empresas com uma cultura de riscos mais orientada a dados e voltada para o passado. Dependendo dos aspectos culturais, os responsáveis pela tomada de decisões podem se mostrar receosos em relação à quantificação e favorecer a “sabedoria prática” (qualitativa).

Os registros de risco qualitativos, quantitativos ou híbridos impactam significativamente as percepções dos tomadores de decisão sobre a pertinência, confiabilidade e qualidade do processo gestão de riscos. Riscos quantitativos apresentados de forma inadequada podem levar à comunicação incorreta dos riscos com consequências potencialmente graves. Além disso, a comunicação quantitativa dos riscos exige mais explicações para mobilizar os tomadores de decisão.

A seguir, tem-se um comparativo entre os principais benefícios e limitadores de cada abordagem:

Análise Qualitativa


Pontos Fortes:

1. Simplicidade: geralmente, é mais fácil de entender e aplicar, exigindo menos expertise técnica.

2. Visão holística: permite uma avaliação mais ampla dos riscos, considerando diversos fatores qualitativos como urgência, contexto e impacto dos riscos nas organizações.

3. Flexibilidade: pode ser adaptada facilmente a diferentes tipos de projetos e organizações, sendo mais adequada quando há incerteza sobre os dados quantitativos.

4. Baixo custo: em geral, é mais econômica, pois não requer investimentos em ferramentas especializadas ou coleta extensa de dados.

  
Pontos Fracos:

1. Subjetividade: as avaliações são baseadas em opiniões e julgamentos, o que pode levar a uma interpretação inconsistente dos dados.

2. Falta de precisão: as estimativas de probabilidade e impacto são qualitativas, tornando difícil uma avaliação precisa do nível de risco.

3. Dificuldade na priorização dos riscos: quando há uma grande quantidade de riscos, pode ser desafiador priorizar os riscos mais críticos devido à falta de métricas quantitativas.

Análise Quantitativa


Pontos Fortes:

1. Precisão: permite uma avaliação mais precisa do nível de risco, utilizando dados quantitativos e análise estatísticas.

2. Priorização objetiva dos riscos: ajuda na priorização dos riscos, identificando aqueles com maior probabilidade de ocorrência e impacto nos resultados.

3. Apoio à decisão em grandes projetos: fornece uma base para a tomada de decisões, especialmente em projetos complexos ou de alto risco.

4. Comunicação eficaz: pode facilitar a comunicação dos riscos às partes interessadas, por meio de números e métricas compreensíveis.

Figura 2 - Clique na imagem para ampliá-la

Pontos Fracos:

1. Complexidade: geralmente, requer habilidades técnicas especializadas e investimentos em recursos e ferramentas para coletar, analisar e interpretar os dados.
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2. Dependência de dados: necessita de dados precisos e confiáveis para alimentar os modelos quantitativos, o que pode ser desafiador em ambientes com informações incertas ou limitadas.

3. Custo elevado: pode ser mais caro em termos de tempo, recursos e custos financeiros, devido à necessidade de análises detalhadas e especializadas. 

Portanto, de um modo geral, enquanto a análise qualitativa de riscos é mais simples de aplicar e compreender e possui maior flexibilidade dentro das organizações, a análise quantitativa oferece maior precisão e suporte para a tomada de decisões relacionadas a riscos críticos e estratégicos.

Assim, a escolha da abordagem mais adequada dependerá da natureza dos projetos, da disponibilidade de recursos e das necessidades específicas de cada organização. Em alguns casos, uma combinação das duas abordagens pode ser a mais eficaz, aproveitando os pontos fortes de cada uma.

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