Uma das técnicas usadas para avaliar a significância dos riscos e presente na norma NBR IEC 31010:2021 é o conceito ALARP - As Low as Reasonably Practicable (Tão Baixo Quanto Razoavelmente Praticável).
De forma geral, o ALARP pode ser usado para decidir se um risco específico é tolerável ou aceitável, levando em consideração os custos associados à redução desse risco. O conceito ALARP geralmente requer que o risco seja reduzido ao menor valor possível e pode indicar se o mesmo precisa ou não de tratamento, ajudando a priorizar os riscos.
Essa abordagem é amplamente adotada na área de Segurança do Trabalho e pode ser usada para classificar riscos em uma das três categorias a seguir:
- Uma categoria de risco intolerável, na qual não é possível justificar o nível de risco, quaisquer que sejam os benefícios que possa trazer à organização e os custos associados à sua redução. Nessa faixa, o risco não é aceitável, exceto em circunstâncias extraordinárias, sendo fundamental a adoção de medidas para reduzi-lo.
- Uma categoria de risco amplamente aceitável, em que o risco é desprezível e não requer uma redução adicional (que pode, no entanto, ser implementada, se praticável e razoável).
- Uma região entre esses limites (a região ALARP), na qual convém que uma redução adicional de risco seja implantada, apenas se for razoavelmente praticável, levando em consideração os custos e benefícios de sua redução.
Figura 1 - Diagrama ALARP (clique na figura para ampliar) |
Como usar o ALARP para reduzir riscos
O modelo ALARP representa uma ponderação entre o nível de risco que a organização deseja obter e os recursos disponíveis para a redução deste risco. Assim, para que o risco seja reduzido ao nível ALARP, convém pesar o nível de risco desejado e o esforço necessário para reduzi-lo ainda mais.
• O nível de risco inerente (Risco Alto, Risco Médio, Risco Baixo, por exemplo).
• A redução do nível de risco (Alto, Médio, Baixo) obtida pela introdução de um novo controle para este risco inerente.
• O esforço (tempo, dinheiro, dificuldade) necessário para implementar este novo controle.
Esses
três pontos podem variar e, dependendo de como se combinam, é possível decidir se o risco já está
ALARP ou se necessita de controles adicionais para alcançar o nível ALARP.
Figura 2 - Nível de Redução do Risco Inerente x Esforço (clique na figura para ampliar) |
- Siga: Implemente novos controles
- Pare: Já está no nível ALARP
• Observamos que, para qualquer nível de redução (Alto, Médio, Baixo) dos riscos inerentes (Risco Alto, Risco Baixo, Risco Médio), se o esforço for Baixo, a maioria dos controles adicionais seriam implementados. A única categoria que já estaria ALARP seria a de Baixo Nível de Redução do Risco Inerente para Risco Baixo.
• Para qualquer nível de redução (Alto, Médio, Baixo) dos riscos inerentes (Risco Alto, Risco Baixo, Risco Médio), se o esforço for Médio, menos controles adicionais seriam implementados. Categorias que já estariam ALARP seriam a de Nível Médio de Redução do Risco Inerente para Risco Baixo, bem como as de Baixo Nível de Redução do Risco Inerente para Risco Médio e Risco Baixo.
• Para qualquer nível de redução (Alto, Médio, Baixo) dos
riscos inerentes
(Risco Alto, Risco Baixo, Risco Médio), se o esforço for Alto, a maioria dos riscos
já estariam ALARP
e
poucos controles adicionais seriam implementados.
ALARP e Análise BowTie
Agora que temos uma ideia de como aplicar o conceito ALARP para avaliar a significância dos riscos, podemos compreender como ele pode ser usado na Análise BowTie (BTA).
Esse processo pode ser dividido em cinco etapas:
Determinação do nível de r isco atual
1. Determine o nível de risco inerente relativo àquele risco específico.
2. Identifique a redução de risco alcançada com os controles existentes. Isso determinará a contribuição destes controles para a redução do risco inerente.
3.
Determine o risco residual,
ajustando o nível de risco inerente com a introdução de controles e/ou medidas de tratamento adicionais.
Avaliação ALARP
4. Investigue controles adicionais para reduzir ainda mais o risco residual e estime o esforço necessário para implementá-los.
5. Avalie o risco residual, comparando a redução de risco e o esforço necessário para a implementação de controles adicionais, de modo a determinar se o risco já está ALARP ou se serão necessários controles e/ou medidas de tratamento adicionais.
Por meio da BTA, é possível identificar, para cada cenário analisado, os níveis de risco inerente e residual, bem como indicar se esses riscos estão ALARP ou se necessitam de medidas de tratamento adicionais.
Pontos fortes e limitações do ALARP
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